ANÁLISE DO DISCURSO


Uma concepção importante para a Análise do Discurso é a de formação discursiva. Para   Pêcheux (1997) a formação discursiva, a partir de uma  posição ideológica, em uma situação determinada, os sentidos emergem de acordo com as formações ideológicas (crenças, convicções de uma sociedade em um  tempo e espaço específicos). Por exemplo, em um panfleto de um determinado partido político, os enunciados refletem as ideias desse partido. Tendo em vista essa concepção, veja as afirmações:

I Em um culto religioso cristão, deve-se predominar a formação ideológica religiosa que crê em Deus, em Jesus Cristo e as formações discursivas se articulam com as ideológicas.

II Em uma greve de professores, a Formação Discursiva vai elencar termos, expressões, questionamentos, imagens,  que implicam questões salariais, plano de carreira, relações escola-comunidade, de acordo com as ideologias do grupo envolvido.

III Em uma publicidade de carro de luxo as formações discursivas vão circular em torno das ideias de poder, de riqueza, de aparências, de competição, de classe social, envolvendo o universo capitalista.

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas.


III, apenas.


II e III, apenas.


I e II, apenas.


I, apenas.


I, II e III.

Nos estudos da semântica da enunciação, os signos linguísticos são vistos como produto sócio-histórico, como forma de interação social realizada por meio de enunciações, ou seja, de acontecimentos ocorridos em uma sociedade ao longo de um tempo. “Dizer ou escrever” significam se posicionar diante de situações comunicativas.

O fato relatado a seguir exemplifica o que está posto anteriormente.

 

Um jornalista Y foi condenado por um colega X, porque disse, em um programa de televisão, que esse colega X “era um negro de alma branca.”

 

Para analisar a condenação, é preciso rever historicamente os fatos ligados a preconceitos e como isso tem modificados conforme as discussões na sociedade ampliam-se.

 

De acordo com suas leituras no que diz respeito à teoria da enunciação, considere o enunciado “negro de alma branca” e julgue as afirmativas a seguir.

I) Na época em que a sociedade brasileira era escravocrata (séc. XVI a XVIII), o enunciado “negro de alma branca” era utilizado sem que repercutisse de forma negativa para o interlocutor, isso demonstra que os enunciados estão ligados à enunciação, como defende a semântica da enunciação.

II) Os resquícios da cultura escravocrata brasileira perduraram no país durante muitos anos após a abolição e, nesse cenário, o preconceito à raça negra era algo naturalizado. Nesse tempo, o enunciado “negro de alma branca” era considerado, pelos brancos, como um elogio ao negro referenciado, uma vez que, nessa perspectiva, um negro que tinha a alma branca tinha uma alma

melhor do que os demais, pois ela era semelhante a de um branco.

III) A problemática do uso do enunciado “negro de alma branca”, pronunciado pelo jornalista Y, é um exemplo da relação intrínseca entre enunciado e enunciação, uma vez que a nossa sociedade contemporânea, diferente de outras épocas, cada vez mais, repudia o racismo e entende que é preciso combater o uso de expressões que naturalizam a discriminação, pois essa é uma forma eficiente de lutar contra ela.

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas.


II e III, apenas.


  III, apenas .


 I, II e III.


I e III, apenas.


I e II

Sabe-se que o sujeito do discurso, quem fala, ouve, escreve, lê, é constituído na interação verbal, ou seja, durante os atos comunicativos. Além disso, esse sujeito não é o centro do seu dizer, isto é, quando elabora seus discursos (falado, escrito como, por exemplo, uma palestra, uma redação, um livro...), há por trás do dito o não dito, isto é, outras vozes originadas  de suas experiências ao longo de sua vida.

 

Leia atentamente as duas asserções.

I De acordo com o que já  foi estudado, o sujeito do discurso deve ser pensado como uma instância heterogênea, ou seja, como alguém que ao pronunciar  distingue-se  de acordo com suas convicções, crenças, pontos de vista.

PORQUE

II Esse sujeito participa de diferentes segmentos da sociedade, ocupando, ora o lugar de pai, mãe, ora de filho, filha, de chefe, de empregado (a), de  estudante, de religioso, de rico, de pobre, dentre outros lugares.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.


As asserções I e II apresentam proposições verdadeiras, e a II justifica a I.


As asserções I e II são proposições falsas.

 


A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.


As asserções I e II são proposições verdadeiras, entretanto a II não justifica a I.

De acordo com os estudos linguísticos, inferir é  concluir,  deduzir, partindo de indícios, fatos ou raciocínios já conhecidos do leitor ou ouvinte.

A partir dessa definição, imagine a seguinte situação.

Um supervisor diz a seu subordinado que o seu relatório está mal elaborado, então solicita-lhe que o refaça. Apesar de o colaborador considerar o relatório bom, ele acaba omitindo sua opinião e, por meio de seu silêncio, acaba concordando com o chefe e refazendo o relatório.

Considerando que esse diálogo ocorre quando o país está enfrentando uma crise econômica com altos índices de desemprego, analise a situação comunicativa e todos os elementos linguísticos e extralinguísticos que ela envolve. Depois, analise as afirmativas a seguir e leve em consideração as inferências que são possíveis de serem realizadas.

I) É importante considerar os papéis sociais dos interlocutores, uma vez que ambos têm uma relação social hierarquizada. O diálogo realizado com um supervisor é muito diferente do diálogo realizado com um colega de trabalho, devido às questões de poder que envolvem.

 

II) A crise econômica do país e os altos índices de desemprego influenciam sobremaneira a conduta do empregado, uma vez que questionar o julgamento do chefe, em relação ao relatório, poderia desagradá-lo, colocando em risco o emprego do subordinado.

 

III) O silêncio do funcionário produz, como efeito de sentido, o seu consentimento em relação ao julgamento e à repressão de seu supervisor. Nesse caso, o ditado popular “quem cala consente” pode ser aplicado à situação.

IV) A situação de desemprego e os problemas econômicos ocorridos no país no momento da enunciação pouco contribuem com a cena enunciativa (situação imediata), uma vez que a situação comunicativa se restringe apenas aos interlocutores.

Assinale a alternativa que contém as inferências possíveis.


I, II, III e IV.


 I, apenas.


 I e II.


IV, apenas.


I, II e III.

No livro de apoio, encontramos que a relação com múltiplas formações discursivas nos mostra que não há coincidência entre a ordem do discurso e a ordem das coisas. Uma mesma coisa pode ter diferentes sentidos para os sujeitos.

 Observe qual ou quais afirmações podem ser consideradas corretas no que diz respeito à Formação Discursiva, colocando (F) para falsa e (V) para verdadeira.

A Formação Discursiva trata do que pode ser e deve ser  dito pelo sujeito, dependendo das condições de produção específicas. 

A Formação Discursiva trata do que não pode ser e não deve ser  dito pelo sujeito. 

A Formação Discursiva depende das condições de produção, definidas pela época, pelo espaço, pelas relações historicamente definidas. 

O limite de uma Formação Discursiva é o que a distingue de outra Formação. 

A Formação Discursiva trata da possibilidade de explicitar como cada enunciado tem o seu lugar e sua regra de aparição (espaço e tempo). 

Assinale a sequência correta.


V, F, V, V, V.


F, V, V, V, V.


V, F, V, V, F.


V, F, V, F, V.


V, F, F, V, V.

Possenti (2002), no livro de apoio, afirma que entre as grandes contribuições da Análise do Discurso francesa estão sua formulação peculiar da noção de interdiscurso. Para esse autor, a ideia de interdiscurso está presente na seguinte afirmação.

Aponte a opção correta.


Relação das crenças, dos julgamentos, das convicções e aquilo que não é dito pelo locutor.


Relação de um discurso com outros discursos, que não têm origem em momentos históricos e em  lugares sociais presentes na Formação Discursiva.


Relação das condições de produção e os sujeitos em uma determinada situação social.


Relação entre os efeitos de sentido e os sujeitos envolvidos em uma situação historicamente marcada.


Relação de um discurso com outros discursos, que têm origem em diferentes momentos históricos e em diferentes lugares sociais em uma Formação Discursiva.

Um conceito importante para a Análise do Discurso é o de “dialogismo”. Para Bakhtin, a realidade essencial da linguagem é o seu caráter de diálogo. É importante observar que o sentido de  dialógico não se restringe somente ao ato comunicativo. Para ocorrer esse ato dialógico, é necessário que interlocutores (ouvinte, leitor, escritor, falante) defendam pontos de vista.

A partir do exposto, analise as asserções I e II para, em seguida assinalar a correta.

I O ser humano é dialógico, heterogêneo, não vive isolado

PORQUE

II Sua experiência de vida se tece, entrecruzando-se, interagido com os outros que o cercam, com as suas leituras, suas vivências, seus pontos de vista.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.


As asserções I e II são proposições falsas.

 


A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição adversa à ideia da I.


As asserções I e II apresentam proposições verdadeiras, e a II justifica a I.


As asserções I e II são proposições verdadeiras, entretanto a II não justifica a I.


A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

Considerando que as condições de produção de um texto compreendem fundamentalmente os sujeitos envolvidos (quem lê, ouve, fala, escreve) e sua situação social, analise as asserções (afirmações) I e II e a seguir assinale a relação existente entre elas.

Leia com atenção as duas asserções.

I Na Análise do Discurso os sentidos dos enunciados dependem das condições de produção dos discursos

Porque

II elas revelam quem produziu o discurso, quando ele foi produzido, em que lugares eles ocorreram, quais são os posicionamentos dos sujeitos envolvidos, suas finalidades.

É correto o que se afirma em.


As asserções I e II apresentam proposições verdadeiras, e a proposição II é uma contradição da I.


As asserções I e II apresentam proposições verdadeiras e a II não justifica a I.


A asserção I apresenta proposição verdadeira, e a II apresenta proposição falsa.


As asserções I e II apresentam proposições verdadeiras e a II justifica a I.


As asserções I e II não são verdadeiras.

Bakthin concebe a língua como um produto sócio-histórico, como forma de interação social realizada por meio de enunciações. A esse respeito, é correto afirmar que:

 I – A linguagem é ação e não um mero instrumento de comunicação e traz para os estudos da linguagem a reflexão sobre a noção do sujeito.

II – A língua passa a ser vista como um lugar privilegiado de manifestações enunciativas.

III – Bakthin afirma que nem toda enunciação é resposta a algo, pois às vezes não tem o propósito de ser compreendida.

IV – Para Bakthin, o dizer ou a palavra são produtos de interação do locutor e do interlocutor.

V – A situação social imediata e o meio social restrito determinam a estrutura da enunciação.

 Estão corretas as afirmativas:


II, III e V.


III e V.


III, IV e V. 


I, II e V.


I, II e IV.

Para Bakhtin, em nosso livro de apoio, a realidade essencial da língua é o seu caráter dialógico, e toda enunciação é um diálogo, porque faz parte de um processo de comunicação ininterrupto. Isso significa dizer que.

De acordo com a reflexão, é correto o que se afirma em.


Que o enunciado não depende da enunciação, pois o ser humano tece a sua experiência isoladamente.


Que todo ser humano é dialógico, não existe isolado, pois  sua experiência de vida, sua comunicação entrecruzam-se com a dos outros sujeitos que o rodeiam.


Que o diálogo, a partir deste ponto de vista, diz respeito à comunicação direta e em voz alta entre uma pessoa e outra.


Que o ser humano é dialógico, apesar de viver isolado, independente do outro.


Que a relação dialógica é autônoma do discurso.

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